Lothar se destacava não apenas por sua bravura nas batalhas contra o mal, nem mesmo pelo seu charme que atraía mulheres de todas as partes do reino, mas sim por sua honra, que foi ganha depois de salvar o rei Zio da morte certa, quando ambos cavalgavam pelas Terras dos Gigantes de Alzaim. Foi uma das mais assombrosas histórias já contadas pelas Terras de Trageros.
Enquanto as tropas de do reino Trageros cavalgavam pelas as terras dos gigantes, o Rei Zio se descuidou e caiu do cavalo enquanto subiam os gélidos penhascos de Okoma, em direção as montanhas onde os gigantes eram controlados pelo grande feiticeiro Alzaim. Nesse descuido, uma flecha de fogo fora disparada contra a perna do Rei Zio, e assim foi iniciada a batalha sangrenta entre homens e gigantes.
O fogo rapidamente fora apagado pelo próprio rei, mas ele mal conseguia se levantar e coordenar o ataque vindo dos gigantes. Os homens passaram a ser liderados por Lothar, que pegou a espada do comandante morto rapidamente por um dos gigantes, e a ergue sobre sua cabeça, soltando um grito e despejando toda sua fúria sobre a cabeça de um dos gigantes. A batalha durou menos de uma hora. As tropas de Lothar foram massacradas. Restaram apenas o Rei Zio, Lothar e dois soldados.
Por incrível que pareça, os quatro homens conseguiram sair do local da batalha e se abrigaram em uma caverna próxima. O ferimento de Zio doía cada vez mais. A flecha que foi atirada por um dos homens de Alzaim estava envenenada. Os soldados cuidavam do rei enquanto o grande Lothar pensava em um jeito de escapar.
Sem um bom plano, os quatro homens foram caminhando na densa nevasca da terra dos gigantes. Lothar, Zio e um dos soldados permaneceram vivos até chegarem em um vilarejo próximo, onde encontraram uma curandeira chamada Natasha, que cuidou do rei por três semanas naquele lugar. Quando Zio recuperou-se totalmente, ele, Lothar e o soldado do qual não me recordam o nome, partiram em direção ao castelo de Trageros, onde Lothar recebeu seus devidos méritos, junto com aquele outro homem que os acompanhavam. Pouco tempo depois, a curandeira Natasha gerou um filho bastardo que teve com o grande Rei Zio em uma das suas trocas de bandagens diárias.
Mas nem todo aquele mérito era capaz de apagar a mágoa, o sofrimento e a culpa pela morte de seu filho. Em uma noite de inverno, Lothar fazia a patrulha no castelo enquanto seu filho, Dorin, dormia na cabana em que ambos moravam. Lothar não tinha uma boa relação com seu filho desde a morte de sua esposa, Kristy. Ela havia morrido numa fuga para as terras de Trageros, quando Dorin tinha treze anos. Os exércitos de Razar perseguiram os fazendeiros e guardas nas vilas próximas ao reino de Trageros. A batalha foi vencida pelos Tragerenses, mas mesmo com a vitória, essa luta trouxe muitos prejuízos, pois foi uma das mais sangrentas batalhas no Mundo de Sirius.
A história da morte de Dorin também foi sangrenta. Tão sangrenta quanto à batalha de Razar e Zio. Dessa vez, os Marvinenses se aproximavam do portão silenciosamente, aguardando o sinal de seu espião que estava dentro do castelo.
Lothar não suspeitava que Slade, seu companheiro de guarda, iria trair o reino. Sem que seu companheiro percebesse, Slade acendeu a tocha que ficava centralizada na muralha. Já tinha preparado uma desculpa para seu companheiro se ele percebesse que havia uma luz no meio da muralha.
Com a tocha queimando, centenas de Marvinenses começaram a marchar contra os vilarejos, queimando tudo. Queimavam desde casas de madeiras até os próprios moradores. Matavam sem piedade. Não demorou muito para o reino ser alertado e combater a grande ameaça em seus portões.
Os guerreiros do castelo tentavam conter a ameaça nos portões enquanto os arqueiros se posicionavam no alto da muralha. Nesse momento, Slade desembainhou sua espada e tentou assassinar Lothar, mas o Guerreiro do Rei se virou rapidamente e conteve o ataque. Não durou nem um minuto para que a cabeça de Slade fosse decepada. Depois de matar Slade, Lothar se lembrou de seu filho, Dorin, que estava com dezessete anos de idade e ficou em uma das casas na vila. O Guerreiro do Rei desceu dos muros do castelo enquanto incontáveis arqueiros chegavam para a muralha.
Os grandes cavaleiros saíam dos estábulos acompanhados de Lothar. Eles cavalgaram para posições diferentes do vilarejo que ficava em chamas, e com Lothar não foi diferente. Ele cavalgou até a cabana em que Dorin dormia, e viu que as cinzas à consumiram. Por um momento, seu coração parou, até ouvir um grito que o chamava em um poço atrás da cabana. Dorin estava escondido dentro dele. Rapidamente, Lothar o abraçou e o levou para cima do cavalo. Viu que o garoto tinha sofrido um corte pouco acima do joelho da perna esquerda. Lothar não se preocupou muito com isso e abriu caminho pelas ruas da vila que estavam tomadas pelas tropas de Marvin.
Depois de um contorno estratégico, Lothar conseguiu entrar no portão do castelo. Aliviado, ele olhou para seu filho e deu um sorriso. Dorin respondeu com o mesmo gesto e sua boca começou a sangrar. Ele havia levado flechas nas costas enquanto ele e seu pai cavalgavam. Lothar tentou ajudar seu filho. Ele chamou curandeiros o mais rápido que pode, mas era tarde demais. Dorin se despediu de seu pai com a frase ‘’Eu te amo’’.
Num ato de fúria, Lothar soltou um grito, desembainhou sua espada e fora confrontar, juntos com seus homens, as tropas dos Marvinenses. A batalha foi feroz, sangrenta e durou horas, mas finalmente, todos os homens de Marvin começaram a recuar.
Lothar nunca mais foi o mesmo desde aquele dia.
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