domingo, 8 de fevereiro de 2015

Um ano a cada dia

E continuo andando pela praia. Lembro de tudo que aconteceu naquele ano como se fosse ontem. Cada ofensa, cada ligação, cada sujeira, cada amor, cada hora. Não é tão simples levar uma vida de ódio com essa idade. A propósito, qual é ela mesmo? 63 anos? Obrigado, mas por que tenho essa cara de jovem?

Cada coisa inexplicável nessa vida. Passei por muita coisa e creio que vou morrer daqui uns 5 anos. Será mesmo que essa vida foi a que eu queria? Eu nunca me casei, sempre fui solitário, não assumia nada... cara, eu me odeio.

Tantos talentos desperdiçados. Eu poderia mudar esse mundo, mas já não tenho todo o tempo, só tenho a aparência.

Engraçado, ainda estou no ensino médio com pessoas bem novas, com pouca história e muito fôlego. Lembro que jogava bola todo dia, hoje, fico atrás de uma mesa ensinando essa garotada, mas eles não tem vontade de aprender nada. Antigamente, tudo era mais difícil. Conseguir informações sobre o que nos cerca era um sonho de todos, pelo menos o meu, e até hoje continua. Hoje em dia, é tudo mais fácil com esses novos equipamentos e sistemas que criaram. Fico com medo do futuro dessas pessoas. Os pais trabalham muito para conseguir o dinheiro do pão, da água, da educação, do bom professor com um salário mínimo que vem sempre que pode ensinar seus alunos ao máximo para ele viver num mundo falso de sonhos e esquecer de trabalhar. Essas pessoas não precisam mudar, e sim suas atitudes.

Afinal, o que adianta protestar por um salário maior sendo que nem contratados serão? Crianças e sempre crianças? ''Vivam a infância!'', ''somos jovens!'', ''podemos tudo!''. Podem tudo até uma certa hora, pois o futuro é de vocês.

Estou passando a responsabilidade para meu aprendiz. Não tenho 63 anos, não sou nada mais que uma simples pessoa. Nada mais que um companheiro. O que eu ensino? Não ensino física nem matemática, muito menos português. Eu apenas ensino a vida, e quem vive são vocês

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